Os dois sonhos de Luka Doncic
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Apresentação de Luka no Dallas Mavericks |
A primeira vez que ouvi falar o nome de Luka Doncic foi em
uma final da Mini Copa Endesa, competição disputada pelas divisões de base
durante a semana de confrontos da Copa do Rei (que no basquete é realizada em
uma única semana, com partidas únicas iniciando nas quartas de final). Um jovem
esloveno doutrinando e jogando como profissional, parecia promissor.
Doncic aos 16 anos em sua primeira temporada pela equipe principal do Real Madrid |
A forma como eu via Luka Doncic foi mudando com o decorrer
das temporadas. No começo, um jovem com futuro blanco, que parecia o herdeiro natural do que vinha sendo o melhor Real
Madrid desde os tempos áureos de Fernando Martín e Drazen Petrovic. Não
consegui acompanhar tantas partidas quanto gostaria, mas lembro do diário
espanhol Marca mostrar um vídeo curto com a primeira cesta do esloveno pelo
Real Madrid: um tiro de três pontos. Passou a primeira temporada de Doncic como
role player, vindo do banco e ganhando experiência. Na seguinte ele teria mais
espaço, mais liberdade e importância no sistema tático do maestro Pablo Laso.
Eu já não o via como um líder em um futuro distante, mas sim como realmente o
futuro do Real Madrid. Demonstrava uma habilidade magistral ao jogar com Llull,
com Chacho, ao fazer a função de Rudy. Polivalente, com um aspecto físico que
melhorava a cada mês.
Por fim, chegamos à temporada de 2016-2017. Chacho Rodríguez
aceitava uma oferta irrecusável do Philadelphia 76ers e havia um espaço vazio na
rotação. Era o momento de um Luka mais maduro assumir esse espaço, iniciando
muitas partidas como titular na função de ala-armador ao lado de Sergio Llull. E
foi nessa temporada que comecei a pensar que, seu futuro poderia já não ser com
o Real Madrid. Seu nome circulava em sites e páginas especializadas no Draft da
NBA. Não foi dessa vez, mas, poderia ser.
Llull anos atrás foi draftado pelo Houston Rockets, mas
tinha em suas mãos a opção de ir ou ficar. Lembro de uma entrevista dele no El
Chiringuito falando que a NBA era um sonho, mas que o Real Madrid também era,
que estava no melhor clube do mundo e ao mesmo tempo em casa. Mas, não haveria
como criticá-lo se decidisse pela NBA, afinal, é uma questão de consciência
compreender que o Real Madrid é sim o maior clube esportivo do planeta, mas,
não é o melhor em todos. A qualidade técnica e física do basquete da NBA está
acima não do que o Real Madrid pode proporcionar, mas sim ao que todo o basquete
europeu pode. Por esse motivo eu fiquei muito chateado ao ver anos atrás, “torcedores”
xingarem e queimarem camisas de Nikola Mirotic (montenegrino criado no Real
Madrid) quando ele optou por deixar a capital espanhola e aceitar a convocação
do Chicago Bulls.
Quando a temporada atual (2017-2018) começou, a ideia de
Doncic ir para a NBA parecia certa. Tudo começou errado, lesão que praticamente
tirou Llull da temporada, departamento médico cheio de jogadores machucados, e
o piano caindo nas costas do esloveno. Não seria o fim do mundo se ele cedesse à
pressão e não rendesse o esperado. Sergio Llull vinha sendo o principal jogador
do Real Madrid, esperava-se que a pressão da liderança fosse dele, e não de um
jovem que havia chegado aos 18 anos. Mas, contra muitas apostas, Doncic não
apenas liderou o Real Madrid a uma campanha vitoriosa, como foi o melhor
jogador das principais competições disputadas. Rising Star e MVP da Euroliga, All-Euroleague
First Team, MVP das Finais da Euroliga, MVP da Liga Endesa. O ciclo que se
iniciou com um arremesso de três pontos se encerrou com outro, no País Basco durante
a última partida contra o Baskonia na final da Liga Endesa. Doncic era
especulado como uma das primeiras escolhas no Draft, era inevitável.
E na noite do Draft de 2018, no Brooklyn, com a terceira escolha, o Atlanta Hawks
selecionou Luka Doncic, que foi envolvido em uma troca com o Dallas Mavericks
na mesma noite. Luka Doncic, jogador criado pelo Real Madrid onde esteve desde
os 13 anos, era selecionado por uma das mais tradicionais franquias da NBA. Luka
sempre será um ícone do madridismo, o jogador que consagrou-se campeão de tudo
e saiu pela porta da frente rumo a um desafio ainda maior para sua carreira. Em
sua carta de despedida, ele falou que cumpria os dois sonhos de sua vida: jogou
pelo maior clube de basquete do mundo, e agora passaria a ser jogador da maior
liga. Seja em Dallas ou em qualquer outra cidade que venha a defender em sua nova
jornada, Luka sempre será parte do Real Madrid.
Novos horizontes, novos desafios |
Obrigado, e toda a sorte do mundo.